quinta-feira, 15 de março de 2007

as perguntas

Um dia, meu amigo Helio me pediu para ler meu material de pesquisa. Ao mandar o meu texto de qualificação para ele, recebi a resposta:
"Menina Rejane... recebi o material, lerei com o maior prazer e atenção do mundo! Você não sabe e nem imagina como o Manguebeat mudou a minha vida! Um beijão!"
Algum tempo depois, fui apresentar minha pesquisa na Puc, num curso oferecido pela professora Santuza Cambraia Naves. Depois da aula, recebi o email de um aluno, Rafael Saldanha, que dizia:
"Durante a aula eu fui lembrando toda a minha adolescência através do Mangue..."

Fiquei muito feliz em receber essas mensagens. Porque assim como o Manguebeat faz parte das memórias de Helio e Rafael, também faz das minhas. Não é um tema de pesquisa distante. Pelo contrário. Lembro muito bem a primeira vez que ouvi Chico Science & Nação Zumbi, assim como o show que assisti no Circo Voador, com Chico vestido de Caboclo de Lança. E uma das coisas que me tem chamado atenção durante o percurso da minha pesquisa é a diversidade de entendimentos que se tem sobre o que é o Manguebeat. E o como esse entendimento está relacionado, é claro, à relação que cada um estabelece com o que é conhecido como Manguebeat.

Assim, duas perguntas são fundamentais para se entender a diversidade de significados relacionados ao Manguebeat:

"Qual sua primeira memória relacionada ao Manguebeat?"
"O que você entende por Manguebeat?"

A essas perguntas, muitas respostas. Aí vão algumas delas:

A minha memória mais forte é a do show do CSNZ no Geraes Rock Festival, em 1996, lá em Juiz de Fora. Eu tinha 14 anos e foi dos primeiros shows que eu vi... Inesquecível. Depois vi shows do Mundo Livre, da Nação... Mas não se compara àquele. Minha lembrança mais antiga relacionada é justamente como eu conheci o Manguebit: achei o "Da Lama ao Caos" num sebo por R$5,00. Pra minha sorte, alguém comprou, ouviu e não gostou. E assim meus paradigmas musicais foram mudados.

Pra mim, Manguebeat é o som de Recife do início dos anos 90, e as coisas influenciadas por ela. Esse som era marcado por uma liberdade de mistura (não necessariamente a fórmula Pop + Popular) e por um sentimento de afirmação de uma identidade sul-americana, brasileira, nordestina, pernambucana e recifense...

Rafael Saldanha

grupos artístico-musicais com uma proposta que distoava, graças a deus, dos ritmos existentes na época. além de agregar contestação social com o lirismo das letras e das músicas. Chico Science, claaaro.
Um movimento que busca agregar contestação social com o lirismo das letras e das músicas.

Ana Luiza de Abreu

Não sei muito sobre o movimento, mas esse nome me remete ao cantador Chico Since e a Nação Zumbi. Sei apenas que o manguebeat foi um movimento musical nascido no Recife, que mistura vários sons de percussão e guitarra.
Sei apenas que o manguebeat foi um movimento musical nascido no Recife, que mistura vários sons de percussão e guitarra.

Amanda Chamusca

Lembro que por volta de 1997 (se não me engano). Estava botando som num reveillon de amigos em Rio da Ostras, quando um deles me trouxe um Cd da Nação Zumbi (com Chico ainda, claro) e pediu para botar. A princípio todos torceram o nariz mas depois gostaram, Foi bem legal. Acho que neste mesmo ano fui a um show na Apoteose (Coke Reggae ou algo assim, e umas das bandas que abriram foi a Nação Zumbi) ainda era de dia e estava vazio, ninguém estava muito interessado no show,mas eu dancei à beça!
Manguebeat é um movimento musical, mas também social que resgata as raízes da música pernambucana, como côco e maracatu e mistura com guitarras e bases modernas. Muito bom! Teve origem na Viasat, Mundo Livre, Nação Zumbi, etc...

Rafael Andrade

Ainda continuo minha campanha na coleta de depoimentos. Comentários são todos bem vindos!!

Um comentário:

Unknown disse...

"Qual sua primeira memória relacionada ao Manguebeat?"

- Esse nome, "manguebeat", me remete às melhores férias que passei em Arcoverde-Pe. Numa boate pequena, mas muito transada e bem frequentada, soava "uma cerveja antes do almoço" e eu pirei. Precisava saber quem cantava, o que era aquela música diferente, inteligente e contagiante. No ano seguinte passei o carnaval em Olinda e só em ouvir a introdução dessa mesma música, eu me arrepiava e tinha vontade de nunca mais deixar de estar ali. De lá pra cá, só lembro do manguebeat ter me deixado triste ao ser dada a notícia da partida do Chico.

"O que você entende por Manguebeat?"
Só entendo: música, conteúdo e ritmo! O mundo precisa disso tudo junto e o manguebeat nos dá!