sexta-feira, 22 de agosto de 2008


"A lama, a parabólica e a rede" na Embaixada Pernambuco


A gente vai dar o ar da graça no dia 28/08, quinta-feira
entre os shows das bandas: Academia da Berlinda e Eddie 
Os shows acontecem a partir das 18h


E o endereço é: Rua Aprazível, 39 (no Solar de Santa).

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

LAMA PRA TODO LADO!!!!


Atenção, atenção, navegantes!! Em breve, "a lama, a parabólica e a rede" estará na Embaixada e no Circo. Mais notícias sobre a data aqui mesmo, "Na lama".

Em tempo, não tão breve assim, em 23 de setembro, defenderei minha tese "Mangue: a lama, a parabólica e a rede", a inspiradora desse blog. Quem quiser saber mais notícias, e-mail-me (rejane.calazans@gmail.com).

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Aquele vasto mundo lá fora

Então, já que a gente tava tão isolado de tudo, a tecnologia te dava essa sensação que a gente tava compartilhando alguma coisa com aquele vasto mundo lá fora.[1]

Essa fala de DJ Dolores poderia servir de resposta à provocação de Pedro Só quanto à efetividade da relação dos mangueboys com a tecnologia. A presença da tecnologia no ideário do Mangue não se resume, de forma alguma, a uma simples questão de ser efetivada na prática. Mais do que uma questão de ser ou não usuário de computador, de ter ou não propriamente uma relação com a tecnologia, a importância estava no aspecto de ícone assumido pela tecnologia no discurso dos idealizadores da Cena Mangue. Mais do que um instrumento de ordem prática, a tecnologia é um símbolo, como também foi colocado por DJ Dolores:

A tecnologia era um ícone tão importante que se você for ver direitinho nos discos dos meninos, nos primeiros discos, isso daí é super explícito. No disco do mundo livre tem desenhos de chips, eles colavam chips pelo corpo e tal. Embora Fred Zero Quatro seja até hoje um completo analfabeto tecnológico. Como símbolo era uma coisa muito importante. E o Chico Science & Nação Zumbi usou mpc no Da lama ao caos, que era o grande instrumento do hip hop, a guitarra do hip hop. Eu fiz a capa do disco do Chico Science & Nação Zumbi, eu fiz questão de usar um computador. Acho que era um 286. Então, se vocês forem ver, a resolução é uma merda. Se a gente fizesse com outra técnica ia ficar muito melhor. Mas era importante, pra gente, usar computador. Era importante pra gente gerar som e imagem que dissesse que a gente usou a tecnologia mais de ponta que a gente tinha naquele momento.[2]


[1] Entrevista com DJ Dolores – 09 de fevereiro de 2007 – Recife (por Rejane Calazans e Clarisse Vianna)

[2] Entrevista com DJ Dolores – 09 de fevereiro de 2007 – Recife (por Rejane Calazans e Clarisse Vianna)

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Um plug com o mundo












O que essas imagens têm em comum? O primeiro CD do mundo livre s.a., lançado em 1994; o segundo CD de DJ Dolores, lançado em 2005 e o último CD da Nação Zumbi, lançado em 2007? Para mim, a primeira conexão que vejo é o plug, a referência ao plug. Na primeira com os teclados de telefone, na segunda com fios e plugs embolados saindo do coração e na terceira com fios e plugs também embolados e saindo daquela barriga.


Por essas imagens, fica claro que o plug é um símbolo importante na composição do ideário do Mangue. O plug estava presente também no figurino, como o jornalista Pedro Só anunciou, em 09 de julho de 1993, na primeira matéria sobre Mangue escrita em um jornal carioca:


“No figurino mangueboy não podem faltar o chapéu de palha e o colar do plug – explicado pelo slogan “plugue-se” e vendido para os fãs.” (“A poesia da miséria” – Jornal do Brasil)


O plug não estava só nos pescoços e nas capas dos CDs dos mangueboys, mas na vontade deles de conectarem Recife com o mundo e a crença de que uma das vias para essa conexão era a tecnologia. Sim, isso fica óbvio na imagem-símbolo do Mangue: uma parabólica enfiada na lama. Desde o início, o ideal era uma conexão do local com o mundo através da tecnologia, como DJ Dolores falou:


“E outra coisa que eu acho que acontece no Norte e no Nordeste e em qualquer outra área do mundo que é isolada economicamente, geograficamente, é uma puta sede de participar do resto do mundo. Pra gente que era moleque, então, a tecnologia representava isso daí, representava você tá incluído dentro do mundo, tá no resto do mundo”[1]


Quase 15 anos após ter apresentado a Cena Mangue aos jornais cariocas, Pedro Só lembrou, entre gargalhadas, que ao escrever sua matéria no Jornal do Brasil, duvidava da veracidade da ligação entre mangueboys e tecnologia:


“É aquela coisa, um caô bem jogado, um rótulo bem sacado, um nome bacana. Na verdade, eles contam que eles chamavam de Cena Mangue. Aí a mídia colocou o bit, por causa da música do mundo livre. E também porque dava dupla leitura do bit/beat. Na época, o Chico Science nunca tinha pegado em um computador, em 93. Negócio de bit não era com ele.”[2]


A música a qual Pedro Só se referiu é manguebit, do mundo livre s.a.:

...continua...


[1] Entrevista com DJ Dolores – 09 de fevereiro de 2007 – Recife (por Rejane Calazans e Clarisse Vianna)

[2] Entrevista com Pedro Só – 02 de fevereiro de 2007 – Rio de Janeiro (por Rejane Calazans e Clarisse Vianna)