Vamos fazer um exercício de imaginação. Imagine se o programa Google Earth captasse não fotografias de satélite e sim sons e movimentos das mais diferentes localidades do planeta. Se isso fosse possível, eu sugeriria que você digitasse “Alto José do Pinho” no mecanismo de busca desse programa. Você veria, então, o zoom se aproximando do local escolhido: América do Sul, Brasil, Pernambuco, Recife, Casa Amarela, Alto José do Pinho. A imagem panorâmica mostraria uma arquitetura precária, denunciando que a localidade que lhe indiquei é um bairro pobre, uma favela. O zoom continuaria ativo e se aproximaria mais, mostrando uma intensa movimentação. E aí desconfio que, calcado nas recorrentes notícias que proliferam nos jornais brasileiros, você desconfiaria estar presenciando uma movimentação de tráfico de drogas. Eu lhe diria então para ligar o som do computador. Entre os sons cotidianos de crianças brincando nas ruas e de pessoas conversando, você ouviria música, muita música, principalmente punk. E pode ter certeza, essa movimentação não inclui tráfico.
No entanto, o Alto José do Pinho já foi conhecido pela intensidade da violência e do tráfico. Mas isso começou a mudar quando, no final da década de 1980, um grupo de meninos do “Zé do Pinho” começou a “curtir” música punk. Entre tantos ritmos que povoavam a vizinhança, como o caboclinho, o maracatu, o coco e a ciranda, os meninos do “Zé do Pinho” se identificaram com o punk e passaram a se definir como tais. Como disse Silvio Essinger:
Em qualquer lugar do mundo, por mais carente que seja a comunidade, haverá sempre uma guitarra vagabunda plugada num amplificador podre e uma bateria de lata para que garotos descubram a inigualável experiência de fazer os seus próprios sons. E, uma vez que montem suas primeiras bandas, eles decerto quererão escrever letras que falem do seu cotidiano e de suas inquietações, seja de forma brincalhona ou sisuda, coerente ou delirante. Pois bem, isso é punk rock[1].
Se identificar com a música punk não significava negar uma identidade local em prol de uma identidade estrangeira. Ao contrário, significava se apropriar localmente de um estilo de vida globalizado. E foi através do punk que o Alto José do Pinho deixou de ser reconhecido pela violência e passou a ser conhecido como “Celeiro de bandas”, aumentando a auto-estima não só dos punks do Alto, mas de todos seus moradores. Se você já foi lá, você sabe como é. Se algum dia você for lá, você verá!!
No entanto, o Alto José do Pinho já foi conhecido pela intensidade da violência e do tráfico. Mas isso começou a mudar quando, no final da década de 1980, um grupo de meninos do “Zé do Pinho” começou a “curtir” música punk. Entre tantos ritmos que povoavam a vizinhança, como o caboclinho, o maracatu, o coco e a ciranda, os meninos do “Zé do Pinho” se identificaram com o punk e passaram a se definir como tais. Como disse Silvio Essinger:
Em qualquer lugar do mundo, por mais carente que seja a comunidade, haverá sempre uma guitarra vagabunda plugada num amplificador podre e uma bateria de lata para que garotos descubram a inigualável experiência de fazer os seus próprios sons. E, uma vez que montem suas primeiras bandas, eles decerto quererão escrever letras que falem do seu cotidiano e de suas inquietações, seja de forma brincalhona ou sisuda, coerente ou delirante. Pois bem, isso é punk rock[1].
Se identificar com a música punk não significava negar uma identidade local em prol de uma identidade estrangeira. Ao contrário, significava se apropriar localmente de um estilo de vida globalizado. E foi através do punk que o Alto José do Pinho deixou de ser reconhecido pela violência e passou a ser conhecido como “Celeiro de bandas”, aumentando a auto-estima não só dos punks do Alto, mas de todos seus moradores. Se você já foi lá, você sabe como é. Se algum dia você for lá, você verá!!
[1] ESSINGER, Silvio Punk. Anarquia planetária e a cena brasileira São Paulo: Editora 34, 1999 (p.15)