quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Os punks da praia

Na década de 1980, Renato L foi a São Paulo, para um encontro de estudantes de jornalismo. E voltou para Recife com uma cópia do Grito Suburbano, uma coletânea em vinil das bandas punks de São Paulo.[1] Como era de praxe, Renato L mostrou sua nova aquisição aos seus amigos.

Então influenciados por aquele som cru e agressivo, todo mundo resolveu fazer a sua banda punk. A minha era Serviço Sujo; Renato fundou a Sala 101[2]. O som era basicamente hardcore.[3]

Renato L e Fred 04, então, começaram a se vestir como punks. Mas Fred vestido com coturnos pretos e alfinetes espetados no rosto não agradava muito sua mãe.

E teve uma época que ela falou assim “eu não criei nenhum punk, se você quiser ser punk, vai morar com os punks”, ela ficava meio horrorizada de me saindo daquele jeito. (...) Eu não tinha como ir morar com os punks, porque não existiam punks. Os punks éramos eu e Renato. (...) Então, a gente criou uma certa forma de burlar essa repressão, burlar o sistema familiar. A gente saía com os alfinetes e as roupas rasgadas na mochila e ia um para a casa do outro. Se encontrava às vezes na praia. Aí voltava de uma farra e ia pra praia, às vezes acordava na praia e ficava um tempão na praia, de coturno. Então, a gente assustava algumas pessoas conhecidas. (...) E ficamos conhecidos como os “punks da praia”.[4]



[1] L, Renato “Saudades de SP” In Manguetronic (http://salu.cesar.org.br/manguetronic/)

[2] Alusão à sala de tortura do romance 1984, de George Orwell

[3] LUNA, Adelson “mundo livre s.a./Fred 04” (entrevista com Fred 04) In Manguenius (http:www.terra.com.br/manguenius/numero-00/num-00/ctudo-chamada-fred04.html)

[4] Entrevista com Fred Zero Quatro por Rejane Calazans e Clarisse Vianna em 11 de fevereiro de 2007

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