Até porque, eu e Fred, a gente foi do movimento punk quando a gente era moleque assim, parte dos anos 80. E a gente viu, sofreu na pele, toda a distorção que a grande mídia fez em cima do punk aqui no Brasil, a caricatura, Gilberto Gil, o Jô Soares, personagem de novela, e os próprios integrantes do movimento. Virou um uniforme, você tem que, sabe, era quase
Apesar do punk também ser reconhecido como cena, e até Renato L observar que a idéia de criar uma cena foi inspirada no senso de coletividade da cena punk, Renato e Fred apontam sua decepção com o punk e a atribuem tanto à sua distorção quanto ao fato de ter sido encarado como movimento. Essa decepção é compartilhada pelos punks de Nova York e Londres.
Tornou-se regra depois quando todos usavam jaqueta de couro com tachas e cortes moicanos e tudo mais.[4] Quando a bola estava rolando para todo mundo, começou a ficar um certo clichê.[5]De repente, o país todo conhecia e todo mundo ia aos shows com aquilo que achavam que era o look do punk rock que era o alfinete na bochecha e as roupas pretas. Mas se olhar as bandas, nenhuma delas tinha alfinete nas bochechas, ninguém usava sacos de lixo, era criação dos tablóides.[6]
No entanto, essa decepção não significa descartar o punk, mas significou uma depuração do que é o punk e uma migração, punk começou a significar mais do que uma cena, não que tenha deixado de significar cena, mas se tornou um conceito.
[1] Alusão à sala de tortura do romance 1984, de George Orwell
[2] LUNA, Adelson “mundo livre s.a./ Fred” (entrevista com Fred Zero Quatro) In: Manguenius (http://www.zaz.com.br/manguenius/numero-00/num-00/ctudo-chamada-fred04.html)
[3] Entrevista com Renato L - 09 de fevereiro de 2007 - Recife
[4] Captain Sensible - The Damned - punk attittude
[5] Howard Devoto - The Buzzcocks - punk attittude
[6] Paul Simon - The Clash - punk attittude
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