domingo, 20 de janeiro de 2008

Em qualquer lugar do mundo, por mais carente que seja a comunidade, haverá sempre uma guitarra vagabunda plugada num amplificador podre e uma bateria de lata para que garotos descubram a inigualável experiência de fazer os seus próprios sons. E, uma vez que montem suas primeiras bandas, eles decerto quererão escrever letras que falem do seu cotidiano e de suas inquietações, seja de forma brincalhona ou sisuda, coerente ou delirante. Pois bem, isso é punk rock. [1]

No Brasil, a cena punk se embrenhou em diversas cidades. Mas as cidades-ícones foram São Paulo e Brasília. Brasília de onde surgiram as bandas do B-Rock na década de 1980. Em São Paulo, os punks prometiam "Estamos aqui para revolucionar a música popular brasileira; para pintar de negro a asa branca; atrasar o trem das onze; pisar sobre as flores de Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer."[2] Mas, segundo Bivar, apesar da proposta ser genial, os punks de São Paulo não fizeram isso até agora. A asa branca, o trem das onze e a Amélia ainda não foram superadas. Talvez por isso o jornalista carioca Pedro Só diga que o punk de São Paulo deu mais certo em Recife, com o Mangue.[3] Para a jornalista paulistana Bia Abramo, o passo adiante que os punks de Recife deram ao criar a Cena Mangue foi terem se inspirado em Malcolm Maclaren:

(...) eles leram melhor o punk. Porque eles leram Malcolm Maclaren. Eles não leram simplesmente a rebeldia. Eles leram a armação.[4]



[1] ESSINGER, Silvio Punk. Anarquia planetária e a cena brasileira São Paulo: Editora 34, 1999 (p.15)

[2] Clemente - Inocentes - citado por Bivar em entrevista dada a Renato L, Diario de Pernambuco

[3] Entrevista com Pedro Só por Rejane Calazans e Clarisse Vianna em 03 de fevereiro de 2007

[4] Entrevista com Bia Abramo por Rejane Calazans e Clarisse Vianna em 23 de abril de 2007

Nenhum comentário: