quarta-feira, 9 de maio de 2007

fusao?

Pelo seu nome, Manguebeat é geralmente traduzido literalmente como Batida Mangue e costuma ser entendido como um estilo musical marcado pela fusão de ritmos regionais (como o maracatu) com ritmos pop (como o rock).
Da fusão de ritmos regionais brasileiros (como o maracatu, o samba, o coco, e algumas outras vertentes), aos ritmos pop globais (como o funk, o hip hop, o punk e o jazz), nasce uma síntese muito interessante e inteligente que reflete, a partir da miscigenação de ritmos distintos, a interação entre as diversas culturas do globo[1]

Apesar de aparentemente explicitar com clareza o que representa o Mangue, a definição acima está equivocada porque pensa em termos de síntese e fusão. Dentro do Mangue é realmente possível apreender a interação de diversas manifestações culturais do globo, pois a diversidade é um elemento chave da “cena” Mangue. No entanto, isso não significa síntese, muito menos fusão, como explicita a fala de Renato L:

Mangue não é fusão de coisas eletrônicas com ritmos locais, por exemplo. O mundo livre s.a. que é a banda parceira do Nação Zumbi nessa história, quase não trabalha com sons regionais; a parada deles é a música pop com samba. Hoje em dia, acho que não é mais mangue o chapéu de palha e os óculos escuros, a batida do maracatu com uma guitarra pesada à Lúcio Maia – aliás, isto nunca foi. O som da Nação sempre foi muito rico, não se resumindo a esse clichê. Mangue, hoje em dia, continua sendo a diversidade, o senso de cooperação entre as bandas que vem se espalhando por outras áreas.[2]

Se a metáfora da fusão não dá conta da complexidade do Mangue, a metáfora da fluidez pode dizer mais sobre essa Cena, que pode ser pensada na forma do “neotribalismo” sugerido por Michel Mafessoli. O “neotribalismo” é a expressão de um novo vínculo social (ethos) surgindo a partir da emoção compartilhada ou do sentimento coletivo.Ao contrário da estabilidade induzida pelo tribalismo clássico, o “neotribalismo”, se configura pela fluidez, as reuniões pontuais e a dispersão. Segundo Mafessoli, (...) a ambientação do tempo e do lugar que irá determinar a atividade, a criação: quer seja a criação das obras de cultura, ou a criação microscópica da vida do cotidiano.[3]




[1] MOFFA, Luiz Guilherme op. cit.
[2] L, Renato (entrevista) “Mangue não é fusão” In: Manguenius (http://www.terra.com.br/manguenius/artigos/ctudo-entrevista-renatol.htm)
[3] MAFESSOLI, Michel O tempo das tribos Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002 (p.I)







Um comentário:

DiF disse...

Mangue é um dos sistemas mais ricos do planeta, o manguebeat é isso a riqueza do som, não é fusao e não é algo de um estilo só. O manguebeat não é algo pra ser definido, é pra ser sentido e dai entendido. O maguebeat é interpretado por cada um de uma forma diferente, isso que é legal dele. Ele não é apenas um rotulo que se impõem e sim uma metamorfose.
Salve a todos os mangueboys de Manguetown.

Ass DiF"!