domingo, 4 de maio de 2008

O segundo

Sempre achei estranho que existisse um segundo manifesto do Mangue, se nunca houve um primeiro. Afinal, "Caranguejos com cérebro" era um release.


Renato L: “Quando o release chegou nas redações, até pelo tipo de texto como foi construído, a imprensa começou a chamar aquilo de manifesto. “Manifesto Mangue, Manifesto Mangue, Manifesto Mangue.”[1]

Mabuse: “... mas era um release, não tinha “Ah, vamos lançar um manifesto”, era um release...”[2]

“Quanto vale uma vida”, o segundo manifesto do Mangue, foi escrito por Renato L e Fred Zero Quatro, em homenagem a Chico Science, logo após a sua morte. Esse foi um momento crítico para os mangueboys dado que a figura de Chico Science era o ícone do Mangue. Quando, em 2 de fevereiro de 2007, o carro que Chico Science dirigia se chocou com um poste na avenida que liga Recife a Olinda, a morte do cantor foi vista pela imprensa como a morte do Mangue. A dúvida quanto ao fôlego de sobrevivência da Cena Mangue já rondava a imprensa desde os lançamentos dos Cds Afrociberdelia, segundo CD de Chico Science & Nação Zumbi e Guentando a ôia, segundo CD de mundo livre s.a., em 1996. A polêmica atingiu seu ápice com a morte de Chico. Foi esse contexto que levou Renato L e Fred Zero Quatro a definirem “Quanto vale uma vida” como um manifesto. Naquele momento, os mangueboys acreditaram que era preciso um posicionamento firme diante das diversas previsões de que o Mangue acabaria.[3]

-Não, o segundo manifesto já é assumido como manifesto mesmo. Deixa quieto.

(- E segundo.)

- Como?

(- Segundo.)

- É o segundo, exatamente. É verdade, não tem o primeiro, mas tem o segundo, é verdade. É verdade, pois é, esse movimento é cheio de falhas na construção. É um fracasso, é um fracasso. (risos) [4]



[1] Entrevista com Renato L - 09 de fevereiro de 2007 – Recife (por Rejane Calazans e Clarisse Vianna)

[2] Entrevista com Mabuse – 09 de fevereiro de 2007 – Recife (por Rejane Calazans e Clarisse Vianna)

[3] Entrevista com Renato L, por telefone – 25 de janeiro de 2006 (por Rejane Calazans)

[4] Entrevista com Renato L - 09 de fevereiro de 2007 – Recife (por Rejane Calazans e Clarisse Vianna)

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