Esses três músicos/pensadores/construtores são os fios condutores de uma narrativa que pretende trazer para o público a relação entre a nova música pernambucana - aclamada em todo o país por sua diversidade e vigor criativo - e as tecnologias digitais das últimas duas décadas. No Recife, essa fricção foi incentivada pelo desenvolvimento paralelo da cena cultural deflagrada pelo Mangue Beat e de um complexo tecnológico chamado Porto Digital - situado no "Recife Antigo", área portuária que traz as marcas da colonização holandesa - com empresas de software de grande dinâmica.
Não à toa, um dos hinos do Mangue Beat proclama que "computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro": as respostas que os músicos locais encontraram para os impasses e possibilidades trazidas pela revolução tecnológica estão entre as mais interessantes dos últimos tempos. Seguindo uma tradição da periferia em reinventar paradigmas e ferramentas desenvolvidas no "centro do mundo", esses artistas encontraram soluções criativas para a produção e distribuição de suas músicas.
Dirigido por Maurício Correia, Ensolarado Byte mostra que um outro mundo é possível, quando se trata de usar ou (re)pensar a tecnologia para fins criativos. Não é preciso rios de dinheiro para fazer uso vantajoso das possibilidades que ela traz. E melhor: se os ganhos artísticos são inegáveis, um importante feedback acontece na área social, com geração de empregos e aumento da auto-estima. Recife, tão pobre, mas culturalmente tão diversificada, nos oferece essa importante lição.
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