
Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabeluda
Biu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate[1]
Pois é, e eu que achava que Galeguinho do Coque era assim chamado por usar coque, aquele penteado típico das gueixas. Bem, parecia meio estranho, mas até então eu acreditava que este fosse o único significado da palavra coque. Acabei de descobrir que coque também é um tipo de combustível derivado do carvão betuminoso. Ignorante, sou mesmo. Mas, o Coque que compõe o nome de Galeguinho não é derivado do carvão nem de cabelo, é um lugar.
Procurei na internet e achei o texto “O galeguinho que fez a fama do Coque”[2], escrito por Maria Carolina Santos
“Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha. Não tinha medo da Perna Cabeluda...”, cantava Chico Science, em Da Lama ao Caos, sobre o bandido que deu fama ao Coque em meados da década de
A localidade ganhou fama como ponto de desordem e os moradores ficaram conhecidos como “cocudos”, ou seja, gente de cabeça dura e pavio curto. No final da década 1960, o Coque entrou na mídia como um bairro violento, carregando a imagem negativa de que os moradores protegiam os criminosos. O principal responsável por esta má reputação foi o jovem José Everaldo Belo da Silva, nascido na Zona da Mata Sul, que começou a praticar furtos aos 16 anos na região comercial e portuária do Recife.
Não demorou para que o adolescente, considerado bonito e esperto, alcançasse fama e fosse procurado pela polícia de quatro estados do Nordeste. Durante quatro anos ele ficou escondido no Coque, ganhando o apelido que o transformou em personagem lendário da história policial pernambucana. Ainda hoje os moradores mais antigos lembram o dia em que o Galeguinho do Coque assaltou um caminhão de leite em pó e distribuiu na comunidade.
Em 1971, ele foi preso e, na cadeia, se transformou em um homem religioso. Era o provável fim de uma vida de crimes, mas não o fim da violência no Coque. Com a prisão do Galeguinho, o grupo que ele liderava passou a lutar pelo controle da área, dividindo o local em várias regiões de influência, o que permanece até hoje. Ao deixar a cadeia, José Everaldo abriu um pequeno negócio no Alto do Jordão e se casou. Anos depois foi encontrado morto no município de Moreno, com uma bíblia ao lado. Ao invés das palavras sagradas, no entanto, o livro era oco e dentro estava escondido um revólver calibre 38.